sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

COMO MILHO DE PIPOCA

"Milho de pipoca que não passa pelo fogo, continua a ser milho sempre."
  
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo.

O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos.
DOR. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, perder o
emprego e ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão - sofrimento cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio: Apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. E, com isso a possibilidade da grande transformação também.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer.
Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela.

A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem prévio aviso, pelo poder do

fogo a grande transformação acontece.

BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente que ela
mesma nunca havia sonhado.

Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a
estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a
mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito
delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura.

O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se
transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para
ninguém.

Rubens Alves - no livro O amor que acende a lua

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